Painel discute Soluções Tecnológicas e Eficiência Operacional, reforçando a integração entre fornecedores e operadoras no PNQS 2025

Dando sequência à programação do PNQS em Campinas, a manhã desta quinta-feira (27) avançou para mais um bloco de alto impacto com o Painel de Soluções Tecnológicas e Eficiência Operacional, um encontro dedicado ao diálogo direto entre operadoras de saneamento e empresas fornecedoras que vêm liderando inovação, digitalização e sustentabilidade no setor.

Josivan Cardoso Moreno, diretor nacional da ABES, abriu o painel destacando que os Summits do PNQS “são momentos de interação e articulação técnica”, essenciais para aproximar quem desenvolve tecnologia de quem opera serviços diariamente. Ao lado dele, a moderação ficou por conta de Adriana Manicardi, da Sabesp, que lembrou que “a tecnologia e a inteligência artificial já estão no centro dos grandes cases do setor – e este painel mostra isso de forma concreta”. 

O debate contou ainda com a participação do debatedor Fernando Garayo, gerente de Meio Ambiente e Qualidade da Águas Guariroba (AEGEA), que reforçou a relevância do encontro: “Hoje vamos conhecer soluções inovadoras de empresas referência, nacionais e multinacionais, que fazem parte do Brasil que constrói e entrega. Operadores dependem da inovação dos fornecedores. Eles melhoram a nossa vida na operação, na manutenção e no avanço rumo à universalização”.

Inovação aplicada: eficiência, inteligência artificial e sustentabilidade

O primeiro palestrante foi Alexandre Rodrigues, gerente nacional de vendas da PAM Saint-Gobain, empresa centenária que mantém inclusive uma unidade florestal de 21 mil hectares responsável por sua neutralidade em carbono. Ele apresentou duas soluções que já estão transformando o setor: o Control+ e o Filtralite.

O Control+, presente no Brasil há apenas dois anos, é um anel com ranhura e bocal que garante estanqueidade na montagem de tubos de ferro fundido dúctil, complementando os testes hidrostáticos realizados em fábrica. O dispositivo elimina falhas de montagem, evita retrabalhos, protege sistemas contra prejuízos que podem chegar a cinco vezes o custo da correção e representa apenas 1% do valor da obra – com grande impacto em eficiência.

Já o Filtralite, solução de argila expandida utilizada em estações de tratamento de água, permite ampliar a capacidade de filtração, reduzir custos operacionais e estender a vida útil da infraestrutura. A tecnologia ainda diminui a pegada hídrica, o consumo de energia e as emissões de CO₂, sendo um material completamente isento de aditivos químicos e utilizado até como adubo, reforçando o compromisso ambiental.

Na sequência, Eduardo Araújo, diretor da Engeform, apresentou o histórico de inovação da empresa, com 49 anos de atuação e mais de 650 mil empreendimentos entregues, e demonstrou como processos estruturados e gestão do conhecimento impulsionam avanços reais.

Ele trouxe dois cases de obras complexas:

ETE Parque Novo Mundo (Sabesp): segunda maior estação de tratamento de esgoto da companhia, exigiu estudo de mais de dez rotas tecnológicas para garantir a melhor solução de CAPEX e OPEX. Para cumprir prazos rigorosos e atender 2,4 milhões de pessoas, a obra utilizou paredes pré-moldadas e protegidas, permitindo a implantação de 12 tanques em menos de um ano, sem interromper a operação da ETE. Um modelo inovador de engenharia simultânea permitiu identificar interferências e adaptar a obra conforme avançava.

ETE Grande Terra Vermelha (Espírito Santo): estação de 150 L/s totalmente automatizada, com energia autossustentável e conceito de biorrefinaria.

Em seguida, Augusto Neto, CEO da Will, apresentou o modelo escalável de eficiência operacional. A solução combina captação de dados em campo com inteligência artificial, apoiada por uma rede de 40 mil usuários distribuídos pelo país que respondem em até 15 minutos. Por meio do aplicativo Wily, esses usuários atuam como “olhos em campo”, registrando imagens que alimentam três produtos de IA responsáveis por identificar problemas, classificar ocorrências e orientar decisões das operadoras.

Representando a Vita Ambiental, Ariane Albuquerque, head de projetos, apresentou sistemas de otimização de processos e controle de dados em tempo real, reforçando a importância da automação no ganho de produtividade e no monitoramento de indicadores operacionais.

Fechando o painel, Maurício Salles, da Arcadis, explicou como a multinacional, fundada na Holanda, traz para o Brasil tecnologias que já são referência global. Ele destacou a plataforma Enterprise Decision Analytics (EDA), solução de análise multicritério que apoia operadoras na priorização de investimentos, otimização de ativos e tomada de decisões complexas. Os benefícios incluem redução de custos em até 35% e ganhos de eficiência de tempo de até 80%, resultados obtidos por uma modelagem robusta e escalável baseada em dados.

Convergência entre tecnologia e operação

Ao final das apresentações, o debatedor Fernando Garayo reforçou o papel estratégico das fornecedoras na universalização: “Estamos falando de cerca de R$ 800 bilhões necessários para levar água e esgoto a todos os brasileiros. Não chegaremos lá sem inovação. Esses cases mostram o quanto o setor privado e tecnológico já está preparado para entregar”.

Adriana Manicardi, diretora de suprimentos da Sabesp e conselheira da ABES Nacional, concluiu destacando a qualidade das soluções apresentadas e a centralidade da inteligência artificial no avanço do saneamento: “É muito significativo ver como IA, digitalização e engenharia avançada estão se tornando realidade cotidiana das operadoras”.

O painel reforça a missão do PNQS de promover integração, compartilhamento técnico e inovação, pilares essenciais para que o país avance com consistência na universalização e na modernização de seus sistemas de saneamento.