PNQS 2025 abre programação desta quarta (26) com painel internacional e apresenta aprendizados da missão técnica da ABES na Espanha

O PNQS 2025 iniciou sua programação abordando um dos pilares do prêmio: o benchmarking como ferramenta estratégica para elevar a gestão do saneamento no Brasil. O Painel 1 – Benchmarking Internacional: Aprendizados da Missão ABES 2025 reuniu especialistas da Espanha, Estados Unidos e Brasil para compartilhar práticas, tecnologias e modelos de governança observados durante a missão internacional realizada pela ABES em 2025.

Moderado pelo consultor técnico do PNQS, Carlos Schauf, o painel trouxe uma análise abrangente sobre como países com alto grau de universalização estruturam suas políticas de eficiência, inovação e resiliência, elementos essenciais para acelerar o avanço do saneamento brasileiro.

A diretora de Relações Internacionais da DAQUAS, Belém Ramos, abriu o debate destacando o cenário espanhol e seus desafios contemporâneos. Segundo ela, a Espanha enfrenta uma dispersão de poderes e a ausência de um regulador único, o que cria assimetrias na qualidade dos serviços. Belém ressaltou ainda a necessidade de fortalecer a percepção de valor da água pela sociedade e avançar na inovação: “Hoje lidamos com escassez, eventos extremos e baixa valorização tarifária. Precisamos de mais digitalização, circularidade, água de reúso e dessalinização. Foi um prazer receber a missão da ABES e ver como a cooperação pode tornar visível a experiência de ambos os lados”, afirmou.

Em seguida, Sonia Mucciolo, líder de Desenvolvimento de Negócios para a América Latina na Xylem, apresentou tecnologias aplicadas em sistemas de ponta, como o de Valência, uma das cidades com maior número de medidores inteligentes do mundo. Sonia detalhou o funcionamento da plataforma integrada Omnion Hub, hoje utilizada por mais de 400 empresas, e destacou que a transformação digital é o caminho para rendimento operacional, redução de perdas e eficiência no uso da água.

A perspectiva norte-americana, decorrente do Programa WiSE da ABES/BID/USWP de 2025, foi apresentada por Carlos Almeida, gerente sênior de operações e manutenção da DC Water, de Washington DC. Ele explicou que a companhia opera o sistema de distribuição de água, coleta e tratamento de esgoto, e conduz políticas sociais robustas para apoiar famílias de baixa renda com descontos em faixas variadas e investigação de vazamentos intradomiciliares. Carlos também destacou iniciativas que unem sustentabilidade e recuperação de recursos, como a planta de hidrólise térmica que transforma lodo em fertilizante comercializado como Bloom. “É um ciclo completo: tratamos esgoto, recuperamos nutrientes, vendemos o fertilizante e ainda geramos energia elétrica. A inovação amplia o impacto ambiental e social”, reforçou. Ele também citou os grandes túneis de contenção que impedem que esgoto e lixo cheguem aos rios de Maryland e de Washington, contribuindo para a recuperação de ecossistemas locais.

Fechando o painel, o gerente corporativo de Engenharia e Operações da Grupo Águas do Brasil e participante da Missão Internacional ABES 2025, Luís Felipe Gonçalves, apresentou os aprendizados da imersão técnica em Barcelona e Valência. Ele destacou os sistemas europeus de manutenção preditiva, modelos de resposta a desastres e práticas de resiliência hídrica. “Vimos simulações completas de manutenção, planejamentos estruturados para eventos extremos e o ciclo perfeito da água: o efluente tratado é requalificado, devolvido ao rio e retorna ao abastecimento. Isso só é possível com alinhamento entre setor privado, autoridades sanitárias e reguladores”, explicou. Luís Felipe também relatou a atenção dada ao reuso potável indireto e às estruturas de contenção.

O debate reforçou que o PNQS, reconhecido como o “Oscar do Saneamento”, consolida seu papel ao impulsionar uma cultura de excelência fundamentada na comparação internacional e no intercâmbio de soluções. Ao trazer experiências de países avançados, o prêmio contribui para que o saneamento brasileiro avance com mais eficiência, segurança e inovação, sempre com foco no impacto para o usuário final e no compromisso com a universalização.